Certamente, a adaptação para o teatro de uma obra literária daquele que, por não poucos, é considerado o maior nome da literatura destas terras tropicais, não é tarefa fácil. O escritor é ninguém mais ninguém menos que Machado de Assis e a obra de que se trata é o seu conto de 1882, “O Alienista”.
O cinema nacional oferece exemplos tenebrosos de releituras precipitadas, assim como no teatro, não raro, tropeçam as produções em olhares totalmente despropositados da obra machadiana.
“O Alienista: Uma Leitura Esquizofrênica” mostra, justamente, o oposto; a adaptação do conto clássico do Bruxo do Cosme Velho para a encenação de um monólogo é impecável.
“Com a pena da galhofa e a tinta da melancolia”, a peça é pintada, sendo ressaltados os aspectos exatos pelos quais a obra do escritor faz-se perene. A ironia fina é prato cheio para o ator Gustavo Ottoni, de cuja língua escorre veneno e a quem se deve (em especial) o mérito de fazer da arte em cena, espetáculo. Transmutando-se freneticamente numa gama de personagens, assume, ora na imagem do excêntrico Dr. Simão Bacamarte, ora no retrato das figuras mais bizarras que habitam a vila de Itaguaí, o grotesco peculiar dos tipos humanos microscopicamente analisados no conto de Machado, enquanto denuncia uma sociedade hipócrita, guiada pelas aparências e jogos de interesses (não muito diferente da que conhecemos atualmente).
A discussão continua no debate filosófico acerca dos limites tênues entre razão e insanidade, sendo posta em questão o influente papel da ciência, que, no século XIX, exercia a sua inquisição do pensamento.
Apostando no humor inteligente e sagacidade, o monólogo prende o espectador durante todo o tempo. O cenário intimista, composto por apenas uma única cadeira, além da iluminação preciosa, que toma conta do palco com sua coloração verde, fazem com que o público vivencie o universo absurdo da Casa de Orates do Dr. Bacamarte.
Para quem sofre da doença do tédio e da mesmice contagiosa de comédias que abusam do apelo sexual e palavreado chulo gratuito, eis o remédio. “O Alienista: Uma Leitura Esquizofrênica” capta o espírito do texto de Machado na dose certa. Altamente recomendável.
O cinema nacional oferece exemplos tenebrosos de releituras precipitadas, assim como no teatro, não raro, tropeçam as produções em olhares totalmente despropositados da obra machadiana.
“O Alienista: Uma Leitura Esquizofrênica” mostra, justamente, o oposto; a adaptação do conto clássico do Bruxo do Cosme Velho para a encenação de um monólogo é impecável.
“Com a pena da galhofa e a tinta da melancolia”, a peça é pintada, sendo ressaltados os aspectos exatos pelos quais a obra do escritor faz-se perene. A ironia fina é prato cheio para o ator Gustavo Ottoni, de cuja língua escorre veneno e a quem se deve (em especial) o mérito de fazer da arte em cena, espetáculo. Transmutando-se freneticamente numa gama de personagens, assume, ora na imagem do excêntrico Dr. Simão Bacamarte, ora no retrato das figuras mais bizarras que habitam a vila de Itaguaí, o grotesco peculiar dos tipos humanos microscopicamente analisados no conto de Machado, enquanto denuncia uma sociedade hipócrita, guiada pelas aparências e jogos de interesses (não muito diferente da que conhecemos atualmente).
A discussão continua no debate filosófico acerca dos limites tênues entre razão e insanidade, sendo posta em questão o influente papel da ciência, que, no século XIX, exercia a sua inquisição do pensamento.
Apostando no humor inteligente e sagacidade, o monólogo prende o espectador durante todo o tempo. O cenário intimista, composto por apenas uma única cadeira, além da iluminação preciosa, que toma conta do palco com sua coloração verde, fazem com que o público vivencie o universo absurdo da Casa de Orates do Dr. Bacamarte.
Para quem sofre da doença do tédio e da mesmice contagiosa de comédias que abusam do apelo sexual e palavreado chulo gratuito, eis o remédio. “O Alienista: Uma Leitura Esquizofrênica” capta o espírito do texto de Machado na dose certa. Altamente recomendável.
Direção: Gustavo Ottoni e Letícia Guimarães
Local: Teatro da UFF, Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí, Niterói
Dias: 21, 22 e 23 de agosto
Horários: Sexta e sábado, às 21h Domingo, às 20h
Ingressos: R$ 30, R$ 20 (com filipeta), R$ 15 (estudantes, servidores da UFF e maiores de 60 anos)
Classificação etária: 12 anos