Entre 1932 e 1934, Cartier-Bresson fez algumas de suas melhores fotografias. Apesar de ter começado olhando para os despossuídos e oprimidos, principais temas dos foto-jornalismo, muito cedo estas mesmas fotos impressionaram a França, Espanha, Itália, México, como arte, muito mais do que como reportagem. Durante a Segunda Guerra Mundial, Bresson serviu o exército francês e foi capturado e levado para um campo de prisioneiros de guerra. Tentou por duas vezes escapar e somente na terceira obteve sucesso. Momentos antes de ser capturado pelo exército alemão, Cartier-bresson conseguiu enterrar sua leica em um local seguro. Ela foi desenterrada por ele logo após a sua terceira tentativa de fuga, dessa vez bem-sucedida.Em 1946 ficou sabendo que o MOMA estava planejando uma exibição póstuma de suas fotos, pois achavam que ele havia morrido na guerra. Informados de que Bresson estava vivo, a exposição foi transformada em uma retrospectiva de suas fotos em meio de carreira. Após a guerra, Cartier-Bresson, em 1947, fundou a agência fotográfica Magnum junto com Bill Vandivert, Robert Capa, George Rodger e David Seymour "Chim". Revistas como a Life, Vogue e Harper's Bazaar contrataram-no para viajar o mundo e registrar imagens únicas. Entre 1948 e 1950, fotografou o fim do domínio britânico na Índia e o assassinato de Mohandas Gandhi. Na China fotografou os primeiros meses de Mao Tse Tung. Este período estabeleu sua reputação como foto-jornalista de incomparável sensibilidade e habilidade. Tendo trabalhado mais de meio século a capturar o drama humano com sua câmera, é considerado por muitos como o pai do fotojornalismo.
Desprezava fotografias arranjadas e cenários artificiais. Seu conceito de fotografia baseava-se no que ele chamava de "o momento decisivo" -- quando todos os elementos externos estão no lugar ideal. A fotografia por si só não o interessava, somente a reportagem fotográfica, onde há a comunicação entre o homem e o mundo. Não tinha imaginação para fazer cinema, somente fotografia, por isto filmou documentários. Dentre eles LE RETOUR, um documentário sobre os campos nazistas e a volta da guerra. Essas e muitas outras fotos podem agora ser conferidas no livro Fotógrafo, que a Editora Sesc-SP acaba de lançar no mercado nacional. Trata-se de 155 imagens selecionadas pelo próprio Cartier-Bresson em 1979. O livro ainda tem prefácio do poeta francês Yves Bonnefoy, traduzido por Célia Euvaldo.
''FOTOGRAFAR É COLOCAR NA MESMA LINHA DE MIRA, A CABEÇA, O OLHO E O CORAÇÃO.'' Henri Cartier-Bresson
Claudio Junior