
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Subversa recomenda...

Na última sexta feira, a Subversa marcou a sua notável presença no clássico palco niteroiense do Centro de Artes da UFF, na noite de estreia de mais um espetáculo teatral cômico, estrelado pela veterana atriz global Elizabeth Savala. Neste monólogo intitulado de Friziléia, a atriz se personifica em uma mulher comum, síntese da Amélia à brasileira, que exausta de ver seus sonhos reprimidos em defesa de valores sociais e familiares, ou por falta de coragem/iniciativa de combatê-los, encontra-se à beira de um ataque de nervos e uma consequente crise de identidade.
Durante os ligeiros 90 minutos, a hilária operária do lar consegue a façanha de divertir e atrair emocionalmente os espectadores presentes, principalmente as espectadoras e, fazê-las protagonistas da história ficcional, fielmente imitada pela realidade, além de permitir a reflexão sobre a árdua tarefa de ser uma mulher pós-moderna, mesmo convivendo num meio de costumes e instituições passadistas, que nos remetem para o período medieval.
Enfim, a tragicomédia “Friziléia” apresenta como mote a revisão pessoal que a personagem faz, utilizando-se das tonalidades cômicas, dos sonhos da juventude e das escolhas que a levaram ao aparente beco sem saída em que se encontra – um casamento sem vitalidade, mantido por inércia e nenhuma realização pessoal. O espetáculo resulta em entretenimento de qualidade, sem ambições, mas também sem apelo à vulgaridade.
É interessante esclarecer que a Subversa não se restringe a recomendar aos nossos saudosos e assíduos leitores espetáculos artísticos inseridos nesta categoria literária, porém a oferta de produções artísticas desta natureza apresenta-se em número exorbitante, tanto em nossa querida Niterói, quanto nos palcos cariocas.
Durante os ligeiros 90 minutos, a hilária operária do lar consegue a façanha de divertir e atrair emocionalmente os espectadores presentes, principalmente as espectadoras e, fazê-las protagonistas da história ficcional, fielmente imitada pela realidade, além de permitir a reflexão sobre a árdua tarefa de ser uma mulher pós-moderna, mesmo convivendo num meio de costumes e instituições passadistas, que nos remetem para o período medieval.
Enfim, a tragicomédia “Friziléia” apresenta como mote a revisão pessoal que a personagem faz, utilizando-se das tonalidades cômicas, dos sonhos da juventude e das escolhas que a levaram ao aparente beco sem saída em que se encontra – um casamento sem vitalidade, mantido por inércia e nenhuma realização pessoal. O espetáculo resulta em entretenimento de qualidade, sem ambições, mas também sem apelo à vulgaridade.
É interessante esclarecer que a Subversa não se restringe a recomendar aos nossos saudosos e assíduos leitores espetáculos artísticos inseridos nesta categoria literária, porém a oferta de produções artísticas desta natureza apresenta-se em número exorbitante, tanto em nossa querida Niterói, quanto nos palcos cariocas.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Subversa Recomenda
"O Leitor" (The Reader)

Atendendo a recomendações intimativas para assistir ao filme “O Leitor” (The Reader), do diretor inglês Stephen Daldry, senti-me tentado (obrigado) a descobrir o que a obra guardava de tão especial, além das 5 indicações da Academia (melhor atriz, melhor roteiro adaptado, melhor fotografia, melhor filme e melhor diretor).
Fazia tempo mesmo que já haviam comentado sobre o filme comigo (que, vale lembrar, é baseado no livro homônimo do escritor alemão Bernhard Schilnk) e vez e outra ouvia o seu nome em conversas casuais; enfim, desde que foi lançado nos cinemas brasileiros, no início deste ano, interessei-me por ele por trazer como protagonista a vencedora do Oscar ’09, Kate Winslet (aquela mesma de “Titanic” e “O Amor Não Tira Férias”), que, previsivelmente bela, surpreendeu com uma excelente atuação.
A história começa no ano de 1995, quando Michael Berg, um homem melancólico, interpretado por Ralph Fiennes, relembra um passado distante que, no entanto, é elemento determinante para entender o seu presente. Um flashback repentino leva o enredo para o final da década de 50, na Alemanha Ocidental, quando o jovem Michael, de apenas 15 anos e acometido de escarlatina, é socorrido pela já madura e misteriosa Hanna Schmitz, interpretada por Kate Winslet, envolvendo-se com esta num romance arrebatador. O menino vive seu primeiro amor e tem sua vida transformada completamente.
O título do filme faz referência a uma característica especial do relacionamento dos dois. Nos encontros amorosos, Hanna interessa-se pelas atividades de Michael na escola, em destaque a literatura. A partir de então, pede sempre para que o jovem leia algumas das obras clássicas que estuda, revelando um incomum interesse pelas leituras.
Uma grande reviravolta e alguns saltos no tempo mudam totalmente o quadro da história. A cada minuto mais envolvente, o drama de Daldry expressa de forma veemente até que ponto podem ser questionadas nossas maiores verdades. Para o universo das Letras, acrescenta-se, ainda, o quão longe podem nos levar as palavras e seu poder de humanização. Assim como é apontado no filme, o mistério é característica fundamental na literatura ocidental, sendo confirmada a tese pelos personagens de “O Leitor”, que trazem consigo um grande segredo, elemento imprescindível para o desvelar de sua trama.
Título: "O Leitor" (The Reader)
País de origem: EUA/Alemanha
Gênero: Drama
Classificação etária: 16 anos
Duração: 124 minutos
Ano de lançamento: 2008

Atendendo a recomendações intimativas para assistir ao filme “O Leitor” (The Reader), do diretor inglês Stephen Daldry, senti-me tentado (obrigado) a descobrir o que a obra guardava de tão especial, além das 5 indicações da Academia (melhor atriz, melhor roteiro adaptado, melhor fotografia, melhor filme e melhor diretor).
Fazia tempo mesmo que já haviam comentado sobre o filme comigo (que, vale lembrar, é baseado no livro homônimo do escritor alemão Bernhard Schilnk) e vez e outra ouvia o seu nome em conversas casuais; enfim, desde que foi lançado nos cinemas brasileiros, no início deste ano, interessei-me por ele por trazer como protagonista a vencedora do Oscar ’09, Kate Winslet (aquela mesma de “Titanic” e “O Amor Não Tira Férias”), que, previsivelmente bela, surpreendeu com uma excelente atuação.
A história começa no ano de 1995, quando Michael Berg, um homem melancólico, interpretado por Ralph Fiennes, relembra um passado distante que, no entanto, é elemento determinante para entender o seu presente. Um flashback repentino leva o enredo para o final da década de 50, na Alemanha Ocidental, quando o jovem Michael, de apenas 15 anos e acometido de escarlatina, é socorrido pela já madura e misteriosa Hanna Schmitz, interpretada por Kate Winslet, envolvendo-se com esta num romance arrebatador. O menino vive seu primeiro amor e tem sua vida transformada completamente.
O título do filme faz referência a uma característica especial do relacionamento dos dois. Nos encontros amorosos, Hanna interessa-se pelas atividades de Michael na escola, em destaque a literatura. A partir de então, pede sempre para que o jovem leia algumas das obras clássicas que estuda, revelando um incomum interesse pelas leituras.
Uma grande reviravolta e alguns saltos no tempo mudam totalmente o quadro da história. A cada minuto mais envolvente, o drama de Daldry expressa de forma veemente até que ponto podem ser questionadas nossas maiores verdades. Para o universo das Letras, acrescenta-se, ainda, o quão longe podem nos levar as palavras e seu poder de humanização. Assim como é apontado no filme, o mistério é característica fundamental na literatura ocidental, sendo confirmada a tese pelos personagens de “O Leitor”, que trazem consigo um grande segredo, elemento imprescindível para o desvelar de sua trama.
Título: "O Leitor" (The Reader)
País de origem: EUA/Alemanha
Gênero: Drama
Classificação etária: 16 anos
Duração: 124 minutos
Ano de lançamento: 2008
Conto Infantil
Quem apagou a luz?
Maria era uma menina muito esperta. Quando perguntavam quantos anos ela tinha, respondia rapidamente:- Tenho assim (e mostrava dois com os dedos da mãozinha), mas vou fazer assim (e os dedos agora eram três).
Maria gostava muito de bichinhos. Na sua casa ela tinha um cachorro chamado Pet. Ela tinha também três peixes. Um se chamava Papai Bill. O Outro era Mamãe Paola. E o último também se chamava Maria. Que nem ela.
Maria gostava sempre que as luzes estivessem acesas. Ela não gostava de escuro. Até mesmo quando estava no carro, sentada em sua cadeirinha, e entrava em um túnel, logo perguntava:
- Quem apagou a luz?
Maria não tinha medo do escuro. Ela apenas gostava de claridade. Aliás, medo mesmo ela só sentiu uma vez. Era um dia que estava chovendo muito.
E ventava também. Maria não ligava para a chuva. Ela gostava do cheiro que a chuva trazia.
Mas quando ficou de noite a chuva não parou. Nem o vento. E para piorar a luz acabou. Maria correu para perto da mamãe Paola e logo perguntou:
- Quem apagou a luz?
A mamãe falou que a chuva estava muito forte e molhava tudo, por isso apagou a luz. Mas avisou que não era para Maria ficar com medo. Ela iria acender uma vela e tudo ficaria claro outra vez. Era muito importante, porém, que Maria não mexesse na vela, pois o fogo poderia queimar a sua mão.
As velas, entretanto, não adiantaram: A luz era pouca e a chama tremia por causa do vento, fazendo com que as sombras ficassem assustadoras.
Maria correu para perto do seu avô Pedro e voltou a perguntar:
- Quem apagou a luz?
O seu avô coçou o seu bigode e respondeu:- O vento balança o fio. O fio se solta do poste. E o poste não trás luz para a nossa casa.
Maria não ficou satisfeita. Não entendeu porque alguém apagou a luz e o seu medo não tinha passado. Ela estava chorando quando um passarinho verde pousou em sua janela e disse:
- Porque uma menina tão bonita está chorando?
Maria respondeu:
- Porque acabou a luz. E eu estou com medo. E nem minha mãe, nem o meu avô sabem dizer quem apagou a luz.
- Eu sei quem apagou a luz! - disse o passarinho.
- Sabe? Sabe mesmo? E você pode me dizer quem apagou a luz? - perguntava Maria ansiosa.
- Claro. Veja bem: Você já percebeu que, de vez em quando, a luz acaba de noite? - o passarinho perguntou.
- Já. Já sim. - respondeu Maria, prestando muita atenção ao que lhe dizia o passarinho e enxugando as suas lágrimas.
- Você já reparou também que a sua casa fica entre uma rua e uma mata bem verdinha?
- É. Fica mesmo!
- Então, nesta mata vivem muitos animais. Macacos, Capivaras, Passarinhos, Tatus, Gambás e até mesmo Onças. Em algumas noites eles não conseguem dormir. Sabe por que?
- Não. Por que? - perguntou Maria. E quem respondeu esta pergunta foi o Macaco que apareceu de surpresa na janela, dando um susto em Maria.
- As luzes de todos esses prédios iluminam a mata.
- Tem muito poste. E também o farol dos carros nunca param de passar na rua. - completou o Tatu, que enfiava a cara na janela da menina.
- Nossa... - suspirou Maria, reparando bem a cara de sono do Macaco.
- Mas o pior mesmo é aquele letreiro ali. Piscando sem parar. Todos os dias. Bem aqui em cima das nossas cabeças. - A onça era a mais brava.
- Então quando não aguentamos mais ficar sem dormir, todos nós nos reunimos em cima daquela pedra bem alta e desligamos a luz de toda a cidade. - falou o passarinho.
- Um dia, pelo menos, a gente precisa dormir. - continuou a Onça, sendo aplaudida por um monte de animais. Menos a preguiça que não tinha mais força para nada.
- Até mesmo o seu cachorro não consegue dormir todos os dias. Olha como ele está dormindo bem agora, no escurinho. - falou o Macaco.
Maria olhou para o Pet deitado, pensou em como as pessoas que moravam tão perto dos animais não cuidavam deles. E percebeu que enquanto conversava com os animais o seu medo já tinha passado.
- O mais importante, Maria, é que agora você já sabe porque falta luz de noite. Sabe que somos nós que apagamos a luz para poder dormir. E não precisa mais ficar com medo. - quem explicava era a Coruja.
- Isso mesmo, minha amiguinha. Agora se você me dá licença, nós precisamos ir. Temos muito o que dormir. - disse a Onça.
Nesse momento a mamãe chamava Maria.
- Filha. Você está sozinha no quarto? Não está com medo do escuro?
Quando Maria olhou para a janela os animais já tinham ido. Ela pensou em todos aqueles bichinhos deitados e dormindo confortavelmente e responde:
- Não mãe. Medo do escuro nunca mais.
A mamãe não entendeu muito bem, mas gostou de saber que Maria não tinha mais medo de escuro. Deu um abraço bem forte e um sorriso bem grande.
Claudio Junior
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Subversa recomenda...
Velório à brasileira – Peça teatral em cartaz no “Centro de Artes da UFF” até o dia 02 de agosto (domingo). Caro leitor, aproveite o último final de semana para comprovar e dar deliciosas risadas com essa comédia à moda brasileira.
Mesmo não sendo um gênero literário muito apreciado pelos teóricos clássicos, a comédia, em nossa sociedade, desempenha fundamental papel, ou seja, o de entreter e divertir homens e mulheres atormentados e oprimidos pelas problemáticas da vida urbana e pós-moderna.
Carnavalizar momentos cotidianos permite que os indivíduos escapem de seus conflitos existenciais e sociais rotineiros, e vivam intensamente os poucos instantes de alegria e comicidade como se fossem únicos e irrecuperáveis.
E é contrariando todo o exposto por Aristóteles em sua emblemática obra de teoria literária, Arte Poética, que nós da Subversa reconhecemos a relevância/importância dessa modalidade teatral, como também a magnificência de uma comédia de texto coeso, dinâmico, interativo, qualitativo e, acima de tudo, merecedor de intermináveis aplausos.
Para os mais curiosos, uma concisa descrição do enredo:
No velório de um funcionário de repartição pública, descobre-se que o falecido acaba de ganhar na loteria. Com isso, todas as pessoas com as quais conviveu durante sua vida se mostram mais interessadas em tirar proveito da situação a velar o amigo. O problema é que o bilhete sumiu.
Começa, então, a maratona pra saber quem fica com o prêmio!
Uma viúva escandalosa, uma vizinha fofoqueira, um espirituoso contraditório, uma irmã com suspeitas intenções, um falso colega, um bêbado inconveniente, um elemento surpresa e uma boa dose de ganância formam o hilário retrato sobre a fragilidade de valores éticos e morais diante da possibilidade de ficar rico.
Mesmo não sendo um gênero literário muito apreciado pelos teóricos clássicos, a comédia, em nossa sociedade, desempenha fundamental papel, ou seja, o de entreter e divertir homens e mulheres atormentados e oprimidos pelas problemáticas da vida urbana e pós-moderna.
Carnavalizar momentos cotidianos permite que os indivíduos escapem de seus conflitos existenciais e sociais rotineiros, e vivam intensamente os poucos instantes de alegria e comicidade como se fossem únicos e irrecuperáveis.
E é contrariando todo o exposto por Aristóteles em sua emblemática obra de teoria literária, Arte Poética, que nós da Subversa reconhecemos a relevância/importância dessa modalidade teatral, como também a magnificência de uma comédia de texto coeso, dinâmico, interativo, qualitativo e, acima de tudo, merecedor de intermináveis aplausos.
Para os mais curiosos, uma concisa descrição do enredo:
No velório de um funcionário de repartição pública, descobre-se que o falecido acaba de ganhar na loteria. Com isso, todas as pessoas com as quais conviveu durante sua vida se mostram mais interessadas em tirar proveito da situação a velar o amigo. O problema é que o bilhete sumiu.
Começa, então, a maratona pra saber quem fica com o prêmio!
Uma viúva escandalosa, uma vizinha fofoqueira, um espirituoso contraditório, uma irmã com suspeitas intenções, um falso colega, um bêbado inconveniente, um elemento surpresa e uma boa dose de ganância formam o hilário retrato sobre a fragilidade de valores éticos e morais diante da possibilidade de ficar rico.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Uma breve definição do gênero textual: Crônica
Mas o que é crônica?
Este tipo textual lido todos os dias ou semanalmente em jornais e revistas por leitores, que muitas das vezes, nem sabem distingui-los dos outros textos e notícias veiculadas nestes meios de comunicação, porém fazem-nos refletir sobre os acontecimentos cotidianos através do entretenimento e do cômico, é denominado Crônica.
A palavra crônica origina-se dos vocábulos grego, Khrónos, e do latino, Chronica, que significam tempo, por isso, uma das características principais deste gênero textual é o seu caráter contemporâneo, visto que analisa e relata por meio de um olhar atento e, fazendo uso de uma linguagem artística e descontraída os fatos do dia-a-dia.
As pessoas que escrevem crônicas são chamadas de cronistas e possuem a função de escrever textos que abordem assuntos importantes de forma descontraída e casual, sem ser descompromissado.
A história da crônica no Brasil se confunde com a própria trajetória do jornalismo contemporâneo. Vinculada ao entretenimento, de um modo geral, ela começou a consolidar-se no país em meados do século XIX e, desde então, tornou-se um gênero quase obrigatório nos jornais brasileiros. Ligado em sua gênese ao folhetim, isto é, o espaço plural que abrigava uma série de textos voltados ao entretenimento, o termo crônica, durante este período, esteve associado a escritos sobre os mais variados assuntos, da política ao teatro, dos eventos sociais aristocráticos aos esportivos, dos acontecimentos do dia-a-dia ao universo íntimo de cada autor. Hoje o gênero textual crônica está cada vez mais ligado ao cunho jornalístico, devido ao seu ritmo rápido e sua efemeridade, onde o texto flui sem subterfúgios e de acordo com o gosto ágil exigido pelos ledores dos periódicos em circulação.
Este tipo textual lido todos os dias ou semanalmente em jornais e revistas por leitores, que muitas das vezes, nem sabem distingui-los dos outros textos e notícias veiculadas nestes meios de comunicação, porém fazem-nos refletir sobre os acontecimentos cotidianos através do entretenimento e do cômico, é denominado Crônica.
A palavra crônica origina-se dos vocábulos grego, Khrónos, e do latino, Chronica, que significam tempo, por isso, uma das características principais deste gênero textual é o seu caráter contemporâneo, visto que analisa e relata por meio de um olhar atento e, fazendo uso de uma linguagem artística e descontraída os fatos do dia-a-dia.
As pessoas que escrevem crônicas são chamadas de cronistas e possuem a função de escrever textos que abordem assuntos importantes de forma descontraída e casual, sem ser descompromissado.
A história da crônica no Brasil se confunde com a própria trajetória do jornalismo contemporâneo. Vinculada ao entretenimento, de um modo geral, ela começou a consolidar-se no país em meados do século XIX e, desde então, tornou-se um gênero quase obrigatório nos jornais brasileiros. Ligado em sua gênese ao folhetim, isto é, o espaço plural que abrigava uma série de textos voltados ao entretenimento, o termo crônica, durante este período, esteve associado a escritos sobre os mais variados assuntos, da política ao teatro, dos eventos sociais aristocráticos aos esportivos, dos acontecimentos do dia-a-dia ao universo íntimo de cada autor. Hoje o gênero textual crônica está cada vez mais ligado ao cunho jornalístico, devido ao seu ritmo rápido e sua efemeridade, onde o texto flui sem subterfúgios e de acordo com o gosto ágil exigido pelos ledores dos periódicos em circulação.
Delírio nº II, ou Carta aos Suicidas
Amável desertor,
Já viveu a vida... E hoje o que tem é o reverso da glória. Já bebeu da água suja e jantou banquetes fétidos em companhia indesejada. Passou por poucas e boas num sigilo conferido somente a semideuses... Prefiro não dizer tanto, pois talvez tenha razão. Quem sou eu para julgar estes casos da mais grave penúria humana? Afinal, quem sente no peito as amarguras de um amor irrealizado, o silêncio de quem foi para sempre sem deixar recado, o desespero de tentar com a maior força e não conseguir, sente não haver dor maior no mundo que se compare a sua! Embora conheça a indiferença que lhe aguarda... Mas indiferença que vem de fora; afinal, o mundo que passa por seus olhos, não é o mesmo mundo que seus olhos perpassam.
Diria: “Pobre minuto...” Quando busca a alegria, tem o dissabor; quer a fama, alcança o anonimato; implora por amor, recebe o desprezo, no entanto ainda busca cegamente alimentar o ego no futuro e chama isto de sonho. Mas bem sabe, desertor, que não há fórmulas para a felicidade. Se é que ela existe, ou não passa dessas verdades que não são mais do que mentiras sem porquê. Ainda havendo tempo, apenas aconselho-lhe como bom companheiro a quem não se negaria a complacência, ou ao menos à sua frente portar-se-ia deste modo se apenas preza as cordialidades formais.
Tenho observado uns deste seu tipo e por mais que lhe possa parecer absurdo, encontrei matéria suficientemente interessante para lhe escrever, ou lhe alertar, como melhor parecer. O ser humano é assim: quando menos se espera, ele tem algo para lhe ensinar. È uma surpresa mesmo! O que não surpreende, desertor, é que, nesta sua classe, as coisas são mais difíceis de serem aprendidas...
Sem mais demora, digo que o que não entende, desertor, é que não há libertação com a morte. Há apenas fim. Fim do que há e início de coisa nenhuma. Não será nem mais nem menos feliz; nem melhor nem pior... O conceito de liberdade, mesmo, não permite tal uso, neste caso; pois quem se livra de algo, livra-se para tornar-se suscetível a outras milhares de oportunidades! E sinto informar-lhe, não é isto o constatado. Melhor empregado seria desistência, abandono, deserção...
Mas logo eu, que não costumo convencer-me facilmente, quanto mais me deixar levar por estas veleidades! Logo eu, que outrora fiz da existência um flagelo, fui aturdido por uma certeza perturbadora. Para você, desertor, que diz haver apenas uma certeza no mundo, sendo esta a morte, devo lhe confessar que, enfim, reconheço o verso da história e acho que também seria interessante compartilhar este assunto com você. A lógica é simples, fruto de inquirições pequenas, senão vulgares: como pode ser a morte a única certeza, sendo que não há morte sem vida? Diria, então, que não há uma única certeza no mundo, mas ao menos duas! E certeza ainda maior e mais convincente é a vida, pois a comprovamos a todo segundo, mesmo sem querer.
Perdoe-me se pareço tratar de assuntos banais, em horas derradeiras; só sinto que deste divagar poderia tirar proveito maior, desertor. Afinal, o que tanto busca este mesmo homem? O que há demais que a vida somente não lhe satisfaz? São, no entanto, as certezas do mundo, essencialmente, oposições uma de outra e sendo (de duas, uma) o que lhe restou, é natural que as entenda. É seu o mundo. Como uma questão de economia, sugere-se o aproveitamento do que lhe foi incumbido.
Veja quanta cor traz o céu de hoje, desertor! Esqueça o salto pela janela e ouça o pássaro na sacada. Sinta-se a si mesmo, que ninguém, além de você mesmo, de você esqueceu. Ah, a vida, desertor... Todo dia é uma vida que pode ser.
Os mesmos campos que lhe enlaçam com a paz de flores calmas, nascerão sob uma aurora de chumbo; a mesma Igreja que lhe prega a palavra de Deus, faz-lhe reconhecer a retórica do Diabo; no mesmo palco onde canta a miséria, passa o carnaval; o mesmo tempo que lhe consome, é a sua condição inexorável de viver. E no final das contas, ainda haverá vez, desertor, para o mais pessimista dizer, em seu leito de morte, que a vida é boa. A vida é boa...
Já viveu a vida... E hoje o que tem é o reverso da glória. Já bebeu da água suja e jantou banquetes fétidos em companhia indesejada. Passou por poucas e boas num sigilo conferido somente a semideuses... Prefiro não dizer tanto, pois talvez tenha razão. Quem sou eu para julgar estes casos da mais grave penúria humana? Afinal, quem sente no peito as amarguras de um amor irrealizado, o silêncio de quem foi para sempre sem deixar recado, o desespero de tentar com a maior força e não conseguir, sente não haver dor maior no mundo que se compare a sua! Embora conheça a indiferença que lhe aguarda... Mas indiferença que vem de fora; afinal, o mundo que passa por seus olhos, não é o mesmo mundo que seus olhos perpassam.
Diria: “Pobre minuto...” Quando busca a alegria, tem o dissabor; quer a fama, alcança o anonimato; implora por amor, recebe o desprezo, no entanto ainda busca cegamente alimentar o ego no futuro e chama isto de sonho. Mas bem sabe, desertor, que não há fórmulas para a felicidade. Se é que ela existe, ou não passa dessas verdades que não são mais do que mentiras sem porquê. Ainda havendo tempo, apenas aconselho-lhe como bom companheiro a quem não se negaria a complacência, ou ao menos à sua frente portar-se-ia deste modo se apenas preza as cordialidades formais.
Tenho observado uns deste seu tipo e por mais que lhe possa parecer absurdo, encontrei matéria suficientemente interessante para lhe escrever, ou lhe alertar, como melhor parecer. O ser humano é assim: quando menos se espera, ele tem algo para lhe ensinar. È uma surpresa mesmo! O que não surpreende, desertor, é que, nesta sua classe, as coisas são mais difíceis de serem aprendidas...
Sem mais demora, digo que o que não entende, desertor, é que não há libertação com a morte. Há apenas fim. Fim do que há e início de coisa nenhuma. Não será nem mais nem menos feliz; nem melhor nem pior... O conceito de liberdade, mesmo, não permite tal uso, neste caso; pois quem se livra de algo, livra-se para tornar-se suscetível a outras milhares de oportunidades! E sinto informar-lhe, não é isto o constatado. Melhor empregado seria desistência, abandono, deserção...
Mas logo eu, que não costumo convencer-me facilmente, quanto mais me deixar levar por estas veleidades! Logo eu, que outrora fiz da existência um flagelo, fui aturdido por uma certeza perturbadora. Para você, desertor, que diz haver apenas uma certeza no mundo, sendo esta a morte, devo lhe confessar que, enfim, reconheço o verso da história e acho que também seria interessante compartilhar este assunto com você. A lógica é simples, fruto de inquirições pequenas, senão vulgares: como pode ser a morte a única certeza, sendo que não há morte sem vida? Diria, então, que não há uma única certeza no mundo, mas ao menos duas! E certeza ainda maior e mais convincente é a vida, pois a comprovamos a todo segundo, mesmo sem querer.
Perdoe-me se pareço tratar de assuntos banais, em horas derradeiras; só sinto que deste divagar poderia tirar proveito maior, desertor. Afinal, o que tanto busca este mesmo homem? O que há demais que a vida somente não lhe satisfaz? São, no entanto, as certezas do mundo, essencialmente, oposições uma de outra e sendo (de duas, uma) o que lhe restou, é natural que as entenda. É seu o mundo. Como uma questão de economia, sugere-se o aproveitamento do que lhe foi incumbido.
Veja quanta cor traz o céu de hoje, desertor! Esqueça o salto pela janela e ouça o pássaro na sacada. Sinta-se a si mesmo, que ninguém, além de você mesmo, de você esqueceu. Ah, a vida, desertor... Todo dia é uma vida que pode ser.
Os mesmos campos que lhe enlaçam com a paz de flores calmas, nascerão sob uma aurora de chumbo; a mesma Igreja que lhe prega a palavra de Deus, faz-lhe reconhecer a retórica do Diabo; no mesmo palco onde canta a miséria, passa o carnaval; o mesmo tempo que lhe consome, é a sua condição inexorável de viver. E no final das contas, ainda haverá vez, desertor, para o mais pessimista dizer, em seu leito de morte, que a vida é boa. A vida é boa...
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