sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Conto Infantil


Quem apagou a luz?


Maria era uma menina muito esperta. Quando perguntavam quantos anos ela tinha, respondia rapidamente:- Tenho assim (e mostrava dois com os dedos da mãozinha), mas vou fazer assim (e os dedos agora eram três).
Maria gostava muito de bichinhos. Na sua casa ela tinha um cachorro chamado Pet. Ela tinha também três peixes. Um se chamava Papai Bill. O Outro era Mamãe Paola. E o último também se chamava Maria. Que nem ela.
Maria gostava sempre que as luzes estivessem acesas. Ela não gostava de escuro. Até mesmo quando estava no carro, sentada em sua cadeirinha, e entrava em um túnel, logo perguntava:
- Quem apagou a luz?
Maria não tinha medo do escuro. Ela apenas gostava de claridade. Aliás, medo mesmo ela só sentiu uma vez. Era um dia que estava chovendo muito.
E ventava também. Maria não ligava para a chuva. Ela gostava do cheiro que a chuva trazia.
Mas quando ficou de noite a chuva não parou. Nem o vento. E para piorar a luz acabou. Maria correu para perto da mamãe Paola e logo perguntou:
- Quem apagou a luz?
A mamãe falou que a chuva estava muito forte e molhava tudo, por isso apagou a luz. Mas avisou que não era para Maria ficar com medo. Ela iria acender uma vela e tudo ficaria claro outra vez. Era muito importante, porém, que Maria não mexesse na vela, pois o fogo poderia queimar a sua mão.
As velas, entretanto, não adiantaram: A luz era pouca e a chama tremia por causa do vento, fazendo com que as sombras ficassem assustadoras.
Maria correu para perto do seu avô Pedro e voltou a perguntar:
- Quem apagou a luz?
O seu avô coçou o seu bigode e respondeu:- O vento balança o fio. O fio se solta do poste. E o poste não trás luz para a nossa casa.
Maria não ficou satisfeita. Não entendeu porque alguém apagou a luz e o seu medo não tinha passado. Ela estava chorando quando um passarinho verde pousou em sua janela e disse:
- Porque uma menina tão bonita está chorando?
Maria respondeu:
- Porque acabou a luz. E eu estou com medo. E nem minha mãe, nem o meu avô sabem dizer quem apagou a luz.
- Eu sei quem apagou a luz! - disse o passarinho.
- Sabe? Sabe mesmo? E você pode me dizer quem apagou a luz? - perguntava Maria ansiosa.
- Claro. Veja bem: Você já percebeu que, de vez em quando, a luz acaba de noite? - o passarinho perguntou.
- Já. Já sim. - respondeu Maria, prestando muita atenção ao que lhe dizia o passarinho e enxugando as suas lágrimas.
- Você já reparou também que a sua casa fica entre uma rua e uma mata bem verdinha?
- É. Fica mesmo!
- Então, nesta mata vivem muitos animais. Macacos, Capivaras, Passarinhos, Tatus, Gambás e até mesmo Onças. Em algumas noites eles não conseguem dormir. Sabe por que?
- Não. Por que? - perguntou Maria. E quem respondeu esta pergunta foi o Macaco que apareceu de surpresa na janela, dando um susto em Maria.
- As luzes de todos esses prédios iluminam a mata.
- Tem muito poste. E também o farol dos carros nunca param de passar na rua. - completou o Tatu, que enfiava a cara na janela da menina.
- Nossa... - suspirou Maria, reparando bem a cara de sono do Macaco.
- Mas o pior mesmo é aquele letreiro ali. Piscando sem parar. Todos os dias. Bem aqui em cima das nossas cabeças. - A onça era a mais brava.
- Então quando não aguentamos mais ficar sem dormir, todos nós nos reunimos em cima daquela pedra bem alta e desligamos a luz de toda a cidade. - falou o passarinho.
- Um dia, pelo menos, a gente precisa dormir. - continuou a Onça, sendo aplaudida por um monte de animais. Menos a preguiça que não tinha mais força para nada.
- Até mesmo o seu cachorro não consegue dormir todos os dias. Olha como ele está dormindo bem agora, no escurinho. - falou o Macaco.
Maria olhou para o Pet deitado, pensou em como as pessoas que moravam tão perto dos animais não cuidavam deles. E percebeu que enquanto conversava com os animais o seu medo já tinha passado.
- O mais importante, Maria, é que agora você já sabe porque falta luz de noite. Sabe que somos nós que apagamos a luz para poder dormir. E não precisa mais ficar com medo. - quem explicava era a Coruja.
- Isso mesmo, minha amiguinha. Agora se você me dá licença, nós precisamos ir. Temos muito o que dormir. - disse a Onça.
Nesse momento a mamãe chamava Maria.
- Filha. Você está sozinha no quarto? Não está com medo do escuro?
Quando Maria olhou para a janela os animais já tinham ido. Ela pensou em todos aqueles bichinhos deitados e dormindo confortavelmente e responde:
- Não mãe. Medo do escuro nunca mais.
A mamãe não entendeu muito bem, mas gostou de saber que Maria não tinha mais medo de escuro. Deu um abraço bem forte e um sorriso bem grande.

Claudio Junior



3 comentários:

  1. Como comentei lá no Ouça Bem, me agradou muito seu texto. O mundo das crianças é um lugar sempre muito bom de ser visitado, seja através de qual maneira for, inclusive lendo um texto tão legal assim. Parabéns Caludio!

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  2. É dificil para um adulto escrever para crianças, poruq é necessário se desprender da razão do mundo adulto, acredito que você teve êxito neste aspecto.
    Só tenho uma observaçãoa fazer, há uma grande repetição do nome maria, que poderia ser substituída em alguns momentos por garota, menina, só como efeito estilístico. mas creio que para uma criança ler, fica legal a repetição do nome Maria, porque não se perde o desenrolar lógico da narrativa, mas minha observação serve para a leitura de um adulto.
    Parabéns!

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  3. Como disse o Fernando deve ser mesmo muito difícil escrever para crianças. Acho que deve ser preciso esquecer a linguagem adulta, as nossas idéias e começar a ver o mundo pelos olhos infantis. O conto é excelente. O autor está de parabéns.

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